Quando achamos ou dizemos que fomos ofendidos, em geral isso
quer dizer que nos sentimos injuriados, maltratados, desprezados ou
desrespeitados. Certamente ocorrem coisas irrefletidas, constrangedoras,
censuráveis e mesquinhas em nossas interações com outras pessoas que podem
fazer com que nos sintamos ofendidos. Todavia, no fundo é impossível para uma
pessoa ofender outra. Na verdade, achar que alguém nos ofendeu é fundamentalmente
falso. Ofender-nos é uma escolha que fazemos; não é uma condição infligida
ou imposta a nós por alguém ou algo.
Na condição de seres humanos, fomos temos o arbítrio moral,
a capacidade de agir e escolher de maneira independente. Investidos do
arbítrio, todos somos agentes e, portanto devemos primeiramente agir e não só
nos submeter à ação. Achar que alguém ou algo pode fazer com que nos sintamos
ofendidos, zangados ou magoados é um insulto ao nosso arbítrio moral e
reduz-nos a meros objetos sujeitos à ação. Contudo, como agentes, todos temos o
poder de agir e escolher como nos conduziremos diante de uma situação ofensiva
ou aviltante.
Em muitas ocasiões, optar por ofender-se é sintoma de um
problema bem mais amplo e sério. A capacidade de estar imune às ofensas
talvez pareça algo além do nosso alcance. É uma realidade inevitável. De
uma forma ou de outra e mais cedo ou mais tarde, alguém nos
fará ou dirá algo que poderá ser considerado ofensivo. Um
acontecimento desse tipo seguramente se dará com cada um de nós — e com certeza
mais de uma vez. Ainda que as pessoas não tenham a intenção de nos insultar ou
ofender-nos, pode ser que às vezes ajam de modo irrefletido ou careçam de tato.
Nenhum de nós pode controlar as intenções ou o comportamento
dos outros. Contudo, nós é que determinamos a maneira como agiremos.
Um dos maiores indicadores da nossa maturidade espiritual é
a maneira de reagirmos às fraquezas, à inexperiência e aos atos potencialmente
ofensivos dos outros. Ainda que uma coisa, um incidente ou uma expressão
pareçam ultrajantes, podemos optar por não nos ofendermos — e ponto de dizermos:
“Não importa”.
Texto o David A Bednar. Editado e aprimorado para o blog, sem perder a real mensagem do autor.